Resenha da 2º geração do Romantismo

ANÁLISE DA POESIA DE ÁLVARES DE AZEVEDO LEMBRANÇA DE MORRER

Introdução

 Para a presente resenha, tomamos o livro Português - Ensino Médio, Volume 2, de José de Nicola - Editora Scipione, 1ª edição 2009, págs 258-277, como referência e base para discussão e análise das características, motivações e intenções do Romantismo no Brasil - especialmente a segunda geração deste -, a nova sociedade criada, um novo gosto, um novo público, os ecos da Revolução Francesa no Brasil, os marcos, as influências, o amor, a poesia de Álvares de Azevedo. Com um total de 390 páginas, o livro didático destinado para uso do professor é atualizado conforme o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, contendo o manual do professor e a bibliografia básica; dividido em três partes com um total de 22 capítulos e tem como intuito formar o aluno/leitor a produzir textos artísticos e do cotidiano desempenhando corretamente as estruturas gramaticais pertinentes a este. 

Escola literária: Romantismo 

O período que se estende da Revolução Industrial, no final do século XVIII, à Primeira Guerra Mundial, em 1914, corresponde a uma nova ordem socioeconômica, com profundos reflexos nos campos das artes, que se manifestam nos próprios artistas, mas também em maior dimensão: no público. Claramente o processo de industrialização havia modificado as relações econômicas estabelecidas até então, criando assim na Europa uma nova organização social e política que muito influenciaria os tempos modernos. Destacamos a Revolução Francesa como um dos principais marcos, que foi grandemente exaltada pelos primeiros românticos. Esta, que fez com que o século XVIII ficasse conhecido como Século das Luzes pois fazia referência ao conhecimento desenvolvido pelos intelectuais iluministas que rejeitaram o modelo monarco-feudal e defendiam a liberdade, a igualdade civil. De acordo com o livro, o momento histórico que antecede a introdução do Romantismo no Brasil e em Portugal, se dá pelos mesmos valores citados acima e pela expansão napoleônica (as tropas francesas invadiram Portugal em 1807 e a Família Real muda-se para o Brasil). Em terras tupiniquins, o Romantismo se dá a partir de 1836, com a publicação do livro Suspiros poéticos e saudades de Gonçalves de Magalhães; este que estava em exílio quando o país vivia um período regencial sob o impacto da abdicação de D. Pedro I. Neste cenário, o país vivia um momento conturbado e é neste ambiente confuso e inseguro que surge o Romantismo Brasileiro, marcado pelo nacionalismo e lusofobia, características principais da primeira geração romântica. Em um segundo momento, o movimento literário passou a ser denominado como "Ultrarromantismo", geração que ficou conhecida também como "Mal do século". Seus traços são mais facilmente identificáveis na poesia, que teve seu marco inicial com as obras publicadas de Álvares de Azevedo. No lugar do índio, da natureza e da pátria, a angústia, o sofrimento, a dor existencial, o amor que oscila entre a sensualidade e a idealização, o profundo subjetivismo, o sentimentalismo exacerbado, o pessimismo, a melancolia, a fuga da realidade, a boemia, a exaltação da morte, entre outros temas de carga negativa; ganham ênfase na geração que ficou também conhecida como geração "Byroniana", influenciada pela poesia do inglês George Gordon Byron. A morte precoce ajudou a compor a mística em torno deste poetas da geração Ultrarromântica, que muitas vezes fazem apologia ao narcisismo e cultivam paixões macabras, demoníacas e incestuosas.

O poema

 Lembrança de Morrer - Álvares de Azevedo 

Quando em meu peito rebentar-se a fibra, 

Que o espírito enlaça à dor vivente,

 Não derramem por mim nenhuma lágrima

 Em pálpebra demente. 

E nem desfolhem na matéria impura 

A flor do vale que adormece ao vento: 

Não quero que uma nota de alegria

 Se cale por meu triste passamento. 

Eu deixo a vida como deixa o tédio 

Do deserto, o poento caminheiro, 

... Como as horas de um longo pesadelo 

Que se desfaz ao dobre de um sineiro;

 Como o desterro de minh'alma errante,

 Onde fogo insensato a consumia:

 Só levo uma saudade... é desses tempos

 Que amorosa ilusão embelecia.

 Só levo uma saudade... é dessas sombras 

Que eu sentia velar nas noites minhas... 

De ti, ó minha mãe, pobre coitada, 

Que por minha tristeza te definhas! 

De meu pai... de meus únicos amigos,

 Pouco - bem poucos... e que não zombavam

 Quando, em noites de febre endoudecido,

 Minhas pálidas crenças duvidavam. 

Se uma lágrima as pálpebras me inunda, 

Se um suspiro nos seios treme ainda,

 É pela virgem que sonhei... que nunca 

Aos lábios me encostou a face linda! 

Só tu à mocidade sonhadora

 Do pálido poeta deste flores...

 Se viveu, foi por ti! e de esperança

 De na vida gozar de teus amores.

 Beijarei a verdade santa e nua, 

Verei cristalizar-se o sonho amigo... 

Ó minha virgem dos errantes sonhos, 

Filha do céu, eu vou amar contigo! 

Descansem o meu leito solitário 

Na floresta dos homens esquecida, 

À sombra de uma cruz, e escrevam nela: 

Foi poeta - sonhou - e amou na vida. 

Sombras do vale, noites da montanha 

Que minha alma cantou e amava tanto, 

Protegei o meu corpo abandonado, 

E no silêncio derramai-lhe canto! 

Mas quando preludia ave d'aurora 

E quando à meia-noite o céu repousa, 

Arvoredos do bosque, abri os ramos...

 Deixai a lua pratear-me a lousa!

 

Análise do poema 

O poema acima é marcado pelo subjetivismo e nele, o poeta expressa uma visão pessimista da vida. Felicidade e realização amorosa são objetivos inatingíveis. O eu lírico mergulha na depressão, no sonho e no devaneio, lembrando sempre da morte como uma perspectiva e deixando claro que esta é a geração que se sentia "perdida". A obra é formada por estrofes de quatro decassílabos (12 quartetos), com exceção da primeira, em que o último verso é hexassílabo. O segundo e quarto versos de cada estrofe rimam entre si; em alguns casos, o primeiro e o terceiro apresentam rima toante (rimam apenas as vogais das sílabas tônicas). O poema tem um tom grave e melancólico, tal que se anuncia na sua primeira manifestação. A atmosfera que envolve o início do poema aponta um tom de despedida, tal que o eu lírico pede para que não chorem por ele, como se sua morte, enfim, implicasse, antes de tudo, um alívio para as dores que lhe atormentaram a existência. A morte é apresentada em linguagem figurada, por meio de eufemismos. Acredita que encontrará na morte o que não encontrou em vida; a ausência de dor. Assim, cada estrofe exemplifica o tédio existencial, a desilusão, a ânsia pelo fim. Na última estrofe temos o desfecho do poema com a descrição de seu próprio túmulo numa linguagem em que a morte figura uma possibilidade de encanto. O eu lírico reforça a relação intimista com a natureza. Pede aos arvoredos que abram espações e deixem a lua brilhar e iluminar sua sepultura: que a natureza o conforte e lhe dê aconchego. A expressão de angústia, do sofrimento, da dor existencial marca grande parte deste poema, vê-se a partir do próprio título. Do desiquilíbrio existencial resulta a fuga pela fantasia, pelo sonho, pela obsessão pela morte e a atração por paisagens sombrias. É o chamado "lirismo da descrença", do qual Álvares de Azevedo é o poeta mais representativo. Sua obra, influenciada também pela personalidade adolescente revela ambiguidade, indecisão; ora aspira amores virginais e idealiza a mulher; ora descreve-a erotizada e degradada. A temática do tédio e da morte, o ceticismo e o culto do funéreo atravessam toda sua obra; a angústia, a descrença e o satanismo estão presentes até mesmo no lirismo amoroso, no qual o amor e a felicidade se mostram inatingíveis. Concluímos assim que, os poetas da segunda geração escrevem poemas que sugerem uma entrega total aos caprichos da sensibilidade e da fantasia, abordando temas que vão do vulgar ao sublime e do poético ao sarcástico.

Plano de aula

São Paulo, 19 de março de 2018


 1. PLANO DE AULA
 2. - ESCOLA: EE DR. MÁRIO LOPES LEÃO 
- PROFESSORES: 
Arianne Constancio - RA: C9830G-0 
Camila Borges - RA: C93FEC-0 
Clayton Eugênio - RA: C96DDE-2 
Jéssica Lima - RA: C9173F-1
- DISCIPLINA: Literatura Brasileira 
- SÉRIE/ANO: 7º ano
 - PERÍODO: Matutino 

3. TEMA: 2ª GERAÇÃO DO ROMANTISMO - ANÁLISE DA POESIA DE ÁLVARES DE AZEVEDO: LEMBRANÇA DE MORRER 

4. O aluno deverá: - Entender o contexto histórico da escola literária Romantismo; - Comparar principais diferenças entre a escola literária anterior e esta - Analisar os elementos internos da poesia proposta e identificar a influência das características externas no eu lírico - ...; - ...; 

5. DESENVOLVIMENTO DO TEMA 

  • A) Leitura do contexto histórico da escola literária proposta 
  • B) Identificação, na obra do escritor, da influência do contexto externo no eu lírico 
  • C) Buscar elementos no texto que corroborem com as características gerais da época 

6. CONTEÚDO (PROGRAMADOS) - Análise da poesia "Lembrança de morrer" - Distinção entre as gerações pertencentes à escola literária Romantismo 

7. RECURSOS DIDÁTICOS - Texto fotocopiado, lousa, giz 

8. AVALIAÇÃO 

  • 1) DIAGNÓSTICA: A avaliação acontecerá por meio da análise e observação no momento de realização dos exercícios propostos 

9. BIBLIOGRAFIA BÁSICA NICOLA, José de. Português - Ensino Médio, Volume 2. São Paulo. Editora Scipione, 1ª edição. 2009 - Págs 258-277.


Relatório de Tarefas

Inicialmente, foi estudado por todos os integrantes do grupo o que era para ser desenvolvido no trabalho, para que houvesse a compreensão do que seria feito. Separamos algumas dúvidas também que posteriormente foram tiradas, eliminando assim os problemas futuros. Após a compreensão do que se pedia e o que seria feito, dividimos as tarefas para organização interna e começamos a elaborar.

Pesquisamos alguns poemas que poderiam ser aplicados ao trabalho de forma eficiente, fizemos algumas comparações com outros, notamos alguns pontos em alguns poemas em que se encaixariam com o objetivo do trabalho e encontramos alguns outros pontos que não. Após discussões e análises, decidimos que seria sobre Alvares de Azevedo, cujas características do poema tinham uma melhor adaptação ao trabalho.
Após a escolha do poema, dividimos os itens de avaliação, para que cada integrante tivesse uma responsabilidade e autonomia durante a elaboração. Feito isso, fizemos a revisão e houve a discussão para que todos estivessem de acordo com o que seria entregue e para a finalização, que foi feita sem dificuldades.
Acreditamos que cada um pode aprimorar seu conhecimento sobre o tema e desenvolver ainda mais habilidades de leitura, reflexão, análise, crítica e leitura por meio do trabalho e de seus objetivos.

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